segunda-feira, 9 de março de 2009

A escola na era da tecnologia



Por Guiomar Namo de Mello*

As sociedades contemporâneas estão tornando a informação acessível a um número cada vez maior de pessoas. A expressão mais avançada desse processo é a internet. Essa tecnologia está provocando uma mudança de paradigma na produção e na divulgação do conhecimento: ele não será mais monopólio das instituições tradicionalmente depositárias.
Nesse contexto, vale a pena pensar no novo papel do professor e da escola, que não são mais as únicas fontes de informações dos jovens. O educador assume agora a função de conectar os conteúdos curriculares com conhecimentos que vêm de fora da escola e de ajudar os alunos a relacionar o aprendizado com o mundo.
Não conseguindo transmitir informações com a mesma velocidade e atratividade da TV ou da internet, a escola deve dedicar-se à função mais nobre de construir um quadro de referência dos saberes científicos, culturais e éticos, dando sentido ao conhecimento e levando-o para a prática. Mestres como John Dewey (1859-1952), Jean Piaget (1896-1980), Lev VigotkY (1896-1934) e Célestin Freinet (1896-1966) propuseram isso. Antes deles, Sócrates (469-399 a. C.) já relacionava o saber com a virtude. Talvez a tecnologia da informação possa contribuir para tornar reais utopias pedagógicas tão antigas.
Mas há ainda desafios a serem enfrentados. Um deles é adotar estilos de gestão que fortaleçam a iniciativa da escola e priorizem o pedagógico, não o burocrático. Outro é rever a maneira de organizar o currículo e a prática da sala de aula: para dar sentido à informação é preciso um trabalho interdisciplinar em que haja o protagonismo dos alunos. Currículos rigidamente disciplinares serão cada vez mais dissonantes do cotidiano dos estudantes. Unidades de ensino estanques terão de ser substituídas por projetos, para que os alunos coloquem em prática o que aprenderam.
Acessar e adquirir conhecimentos podem ser atos solitários. Porém, a construção de significados implica necessariamente negociá-los com outros. No diálogo com os alunos, devem imperar expressões como "você concorda?" ou "o que você acha?", com as quais buscamos captar o que os outros pensam, sentem ou experimentam.
Por mais interativos que sejam os meios, eles dificilmente substituirão a situação da aprendizagem face a face, decisiva na construção coletiva de significados, valores e disposições de conduta. Por isso, é preciso ter sempre a intervenção do educador. Cabe ao professor, portanto, construir conhecimentos deliberados. Só eles dão acesso a universalidade dos significados socialmente reconhecidos como verdadeiros e aos saberes científicos, estéticos e sociais, que constituem a base da identidade solidária, não excludente e produtiva.
E afinal, não são esses os objetivos que a educação escolar persegue desde Sócrates? A tecnologia da informação pode ser um recurso para atingir essa finalidade tão antiga quanto o mestre de Platão ou mais um instrumento de burocratização e enrijecimento da prática escolar. Depende de nós e de nosso compromisso com a aprendizagem de nossos alunos.

* Guiomar Namo de Mello foi diretora-executiva da Fundação Victor Civita

quinta-feira, 5 de março de 2009

Reflexão sobre a influência da televisão


É preocupante observar a qualidade de certos programas de televisão, bem como a quantidade de más influências despejadas, ao longo do dia, sobre as crianças e adolescentes.
Pessoas que ainda se encontram em plena formação, modelando as suas personalidades, recebem uma grande carga de informações negativas, ao se colocarem constantemente em contato com cenas tão chocantes.
O que ocorre nos tempos atuais é que estão levando para os lares programações que reforçam a violência e o uso indevido da liberdade sexual, influenciando negativamente os jovens.
Como professor fica difícil educar nossas crianças nesse contexto quando o tempo que passamos com elas é tão pouco em relação ao tempo que passam em frente à televisão. Mas podemos aproveitar essa situação e formular estratégias a serem utilizadas na sala de aula para trabalhar essas questões envolvendo também a família na seleção de programas que realmente contribuam para o crescimento de nosso alunos.



A escola como espaço sócio-cultural


DAYRELL, Juarez. A escola como espaço sócio-cultural. In: DAYRELL, Juarez (Org.). Múltiplos olhares sobre educação e cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.

REFLEXÃO

Discutir a escola como espaço sócio-cultural nos faz compreender melhor toda a dimensão educacional e pedagógica que inter-relacionam a dinâmica do processo ensino aprendizagem levando em consideração todos os sujeitos que participam dessa trama social e acima de tudo, percebendo-os como seres culturalmente diferentes uns dos outros, que participam ativamente na construção e reconstrução da estrutura escolar enquanto instituição.
O texto ressalta que a instrução centrada na transmissão de informações, reduz o conhecimento como produto, enfatizando apenas o resultado e não o processo. Nesta perspectiva há o reforço da homogeneização dos conteúdos, ritmos, estratégias, descartando todas as possibilidades de diversidade.
O autor destaca em seu texto, a importância da heterogeneidade cultural desses sujeitos participantes, de forma a possibilitar uma rica discussão sobre a importância do olhar do educador frente a essas diversidades, que os fazem sujeitos sócio-culturais, com visões de mundo, escala de valores, sentimentos, emoções, desejos e hábitos que lhes são próprios.
É importante que a escola leve também em consideração as experiências vividas dos alunos, para que possa contextualizá-los na dinâmica da instituição podendo cumprir com a sua função social na formação dos cidadãos.
“São as relações sociais que verdadeiramente educam, isto é, formam, produzem os indivíduos em suas realidades singulares e mais profundas. Nenhum indivíduo nasce homem. Portanto, a educação tem um sentido mais amplo, é o processo da produção de homens num determinado momento histórico...” p.142